Ela tem 48 anos, nasceu na roça com 14 anos veio para a cidade trabalhar com empregada doméstica.
Estudou, trabalhou, se converteu ao cristianismo e se casou com um grande homem de Deus! (?).
Ela é da geração (afirmação dela) quando se casou, tem que ficar casada, não interessando o preço a pagar.
Mas agora, depois de dezenas de surras e outras humilhações, trazendo um olho quase tapado e um dente quebrado pelo marido, quer saber se deve continuar assim, apanhando calada e orando como o seu pastor lhe tem dito nos últimos anos!
Eu disse que não!
Ela tem uma profissão definida, os filhos estão casados e independentes;... não tem que apanhar pro resto da vida não!
O marido dela, apesar de nunca ter pulado o muro, é um adúltero! Adultério não é relação sexual ilícita, adultério é quebra de acordos, de contratos, de tratos, de quebra de palavra dada e não cumprida após o casamento!
Então no namoro e noivado (etapas de nossa sociedade) o casal conversa, se explica, fazem promessas e quando casados, o que foi acordado não é cumprido?
Isto se chama adultério!
Não bastasse no caso referido, ela passou a apanhar do marido por várias razões “importantes”: não cozinhava tão bem como a mãe dele, não passava a roupa como a mãe dele, não o atendia em todas suas preferências sexuais (até porque isto não lhe foi explicado antes por ninguém) e não cuidava bem dos filhos, na opinião dele.
Eu tive a curiosidade de saber se em alguma vez ela procurou o pastor dela, com machucados produzidos por ele.
Disse que sim, o marido negou e bateu nela por sido exposto.
“Normalmente os pastores acreditam nos maridos” – disse-me ela.
Em muitas culturas, as mulheres são tratadas como gente de qualidade inferior.
Visando combater isto, a ONU em 1999 institu iu o dia 15 de novembro com o o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher.
Radhika Coomaraswamy, ex-Relatora Especial das Nações Unidas da Comissão dos Direitos Humanos, referindo-se à violência contra as mulheres, disse que, para a grande maioria delas, esse tipo de violência é “um tabu, algo que a sociedade finge não ver e uma realidade vergonhosa”.
Nós, do terceiro mundo e da AL, achamos que a violência contra as mulheres, é coisa nossa, mas não; o Conselho da Europa calcula que 1 em cada 4 mulheres européias sofre violência doméstica durante sua vida.
De acordo com o Ministério do Interior Britânico, na Inglaterra e no País de Gales, num ano recente, em média duas mulheres por semana foram mortas pelo parceiro, atual ou anterior.
A revista India Today International, relatou que “para as mulheres da Índia, o medo é um companheiro constante e o estupro é o estranho que talvez tenham de encarar em qualquer esquina, rua, lugar público e a qualquer momento”.
Em nosso país grande número de mulheres vive em situação de violência física e psicológica (63% das mulheres brasileiras já sofreu algum tipo de violência) e, especialmente, a violência doméstica (75% dos casos de violência contra a mulheres e crianças acontecem no âmbito familiar).
A casa, espaço da família, antes considerada lugar de proteção passa a ser um local de risco para as mulheres e crianças.
O alto índice de conflitos doméstico já destruiu o mito do "lar, doce lar".
Mas tem a violência religiosa: considerar as mulheres como inferiores e justificar isso usando a Bíblia ou tradição religiosa; culpar as mulheres pelo mal e pela morte ou a causa do pecado; usar as cerimônias matrimoniais para afirmar a supremacia masculina e a submissão das mulheres; não permitir às mulheres à participação plena e ativa da vida religiosa e desqualificá-las em sua atuação religiosa e vivência de fé; fazer uso de textos bíblicos específicos para desqualificar ou impedir a participação religiosa plena, negando às mulheres a potencialidade e participação no discipulado de Jesus; fazer uso de linguagem discriminatória, em que as mulheres não estão incluídas; estabelecer normas ético-morais que limitam a vida das mulheres, estabelecendo critérios de conduta diferenciados para homens e mulheres; ser discriminada por estar divorciada, ou por ser mãe sem ser casada; ser induzida a silenciar sobre a situação de violência e não receber acompanhamento pastoral adequada em situações de violência.
Não, a mulher não tem que apanhar não e o homem que bate, tem que levar uma surra!
Pastor José Francisco Veloso
Fonte: http://pastorveloso.net/news.php?readmore=83
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