terça-feira, 8 de março de 2011

Violência contra a mulher

a violência contra a mulher

Pª Elisabeth Lieven e P. Guilherme Lieven*

A violência contra a mulher é um dos fenômenos sócias mais absurdos e inaceitáveis.

É uma tática consciente para obter poder e controle sobre a mulher.

Quando acontece em ambiente familiar é uma fonte de medo, dano físico e psicológico à mulher e também às crianças, incluindo todos tipos de ameaças e privação de liberdade.

A violência contra a mulher não é doença genética, nem conseqüência de alcoolismo, drogas, estresse ou raiva descontrolada, tampouco conseqüência do comportamento da vítima ou da pobreza.

A violência contra a mulher é fruto da desigualdade entre homens e mulheres. Vamos acabar com a desigualdade! Vamos acabar com a violência contra a mulher!

No Brasil, há mais de três décadas, as mulheres denunciam e tentam dar visibilidade a essa situação. Neste período o país participou de várias convenções e assinou diversos tratados em prol da redução da violência doméstica e de gênero. Este ano o Governo Federal lançou um Plano Nacional de Prevenção e Redução da Violência Doméstica e de Gênero. Porém, todas estas iniciativas ainda não tem desencadeado um processo de mudança que de fato supere a violência contra a mulher.

É fato que, em nosso contexto de tantas contradições sócio-econômicas, as mulheres são vítimas de violência tanto quanto os homens. Mas a situação das mulheres é ainda agravada pela violência sexista.

Em nosso país grande número de mulheres vive em situação de violência física e psicológica (63% das mulheres brasileiras já sofreu algum tipo de violência) e, especialmente, a violência doméstica (75% dos casos de violência contra a mulheres e crianças acontecem no âmbito familiar). A casa, espaço da família, antes considerada lugar de proteção passa a ser um local de risco para as mulheres e crianças. O alto índice de conflitos doméstico já destruiu o mito do "lar, doce lar". As expressões mais terríveis da violência contra a mulher estão situadas na casa que já foi o espaço de maior proteção e abrigo.

Acostumamo-nos a considerar como violência somente os atos que provocam algum tipo de lesão física. No entanto, a violência também ocorre na forma de destruição de bens, ofensas, intimidação das filhas e dos filhos, humilhações, ameaças e uma série de atitudes de agressão e desprezo; situações que desrespeitam os direitos das mulheres, seja na rua, nas escolas, nos consultórios, nos ônibus, nas festas e, sobretudo, em casa.

VIOLÊNCIA SEXUAL

• Relações sexuais quando a mulher está com alguma doença, colocando sua saúde em perigo;

• Relações sexuais forçadas ou que não lhe agradam;

• Críticas ao desempenho sexual da mulher;

• Gestos e atitudes obscenas;

• Estupro e assédio sexual;

• Exibição do desempenho sexual do homem;

• Discriminação pela opção sexual.

VIOLÊNCIA FÍSICA E EMOCIONAL

• Sofrer agressões físicas, inclusive, deixando marcas, como hematomas, cortes, arranhões, manchas, fraturas;

• Sofrer humilhações e ameaças diante de filhos e filhas;

• Ser impedida de sair para o trabalho ou para outros lugares, e trancada em casa;

• Ficar sozinha com o cuidado e a educação das crianças;

• Sofrer ameaças como de espancamento e morte, incluindo suas crianças;

• Ocupar-se sozinha com os afazeres domésticos;

• Ficar sem assistência quando está doente ou grávida;

• Ter utensílios e móveis quebrados e roupas rasgadas;

• Ter documentos destruídos ou escondidos.


VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

• Ignorar a existência da mulher e criticá-la, inclusive, através de ironias e piadas sexistas/machistas;

• Falar mal de seu corpo;

• Insinuações de que têm amantes;

• Ofensas morais contra a mulher e a sua família;

• Humilhação e desonra, inclusive, na frente de outras pessoas;

• Desrespeito pelo trabalho da mulher em casa;

• Críticas constantes pela sua atuação como mãe;

• Uso de linguagem ofensiva em relação à sua pessoa.

VIOLÊNCIA RELIGIOSA

• Considerar as mulheres com inferiores e justificar isso usando a Bíblia ou tradição religiosa;

• Culpar as mulheres pelo mal e pela morte ou a causa do pecado;

• Usar as cerimônias matrimoniais para afirmar a supremacia masculina e a submissão das mulheres;

• Não permitir às mulheres à participação plena e ativa da vida religiosa e desqualificá-las em sua atuação religiosa e vivência de fé;

• Fazer uso de textos bíblicos específicos para desqualificar ou impedir a participação religiosa plena, negando às mulheres a potencialidade e participação no discipulado de Jesus;

• Fazer uso de linguagem discriminatória, em que as mulheres não estão incluídas;

• Estabelecer normas ético-morais que limitam a vida das mulheres, estabelecendo critérios de conduta diferenciados para homens e mulheres;

• Ter o salário diminuído em função da profissão ou remuneração do companheiro;

• Ser discriminada por estar divorciada, ou por ser mãe sem ser casada;

• Ser induzida a silenciar sobre a situação de violência e não receber acompanhamento pastoral adequada em situações de violência.



VIOLÊNCIA SOCIAL

• Salários diferenciados para o mesmo cargo;

• Exigência de boa aparência;

• Assédio sexual;

• Exigência de atestado de laqueadura ou exame de gravidez;

• Discriminação em função de posicionamento político ou religioso;

• Expor e usar o corpo da mulher como objeto nos meios de comunicação;

• Promover e explorar a prostituição de meninas e o turismo sexual.

Não podemos aceitar ou ignorar a violência contra as mulheres.Denuncie!
Naiá Rocha
Presidente Instituto Mulher Viva

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