Dezessete mulheres assassinadas e 21 estupradas em três meses; entidades discutem violência04/05/2011
10h27min Dados do Centro da Mulher 8 de Março apontam que somente nos primeiros três meses desse ano, 17 mulheres foram assassinadas na Paraíba. De acordo com a coordenadora geral do Centro, Irene Marinheiro Gerônimo, nesse mesmo período foram registradas 16 tentativas de assassinato e 21 estupros. Ano passado, o Centro registrou 53 assassinatos, 25 tentativas e 130 estupros, sendo 48 mulheres, 33 adolescentes e 49 crianças.
Para discutir sobre essa violência, integrantes da Rede Estadual de Assistência a Mulher, Criança e Adolescentes em situação de violência se reuniram na tarde desta terça-feira (3) com representantes da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, no auditório da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa). O objetivo foi discutir ações de combate à violência contra a mulher no Estado.
O encontro reuniu representantes das Maternidades Frei Damião e Cândida Vargas, do Hospital da Polícia Militar Edson Ramalho, do Centro de Referência Municipal Ednalva Bezerra, das Secretarias de Estado da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Humano, das Delegacias da Mulher dos municípios de Campina Grande e de Patos, além do Cunhã Coletivo Feminista, Benfam, Polícia Militar e Centro da Mulher 8 de Março.
Durante a reunião, também foram discutidas questões como a implantação da casa abrigo e o convênio do Governo do Estado com o Centro de Referência Ednalva Bezerra, que deverá atender João Pessoa e municípios como Bayuex, Santa Rita, Cabedelo e Conde.
Na oportunidade, a secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Iraê Lucena, apresentou ações em andamento, como a transferência do Centro de Referência da Mulher para a cidade de Campina Grande e a assinatura de um convênio com uma faculdade particular feita pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, que vai permitir a instalação da Vara de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, também em Campina.
“Desde que o Governo do Estado assinou o decreto instituindo a Câmara Técnica de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, que estamos querendo fazer uma reunião permanente para que possamos estar em sintonia com todas as secretarias e entidades. É importante esse diálogo no sentido de trabalhar em parceria”, ressaltou Iraê Lucena.
Durante a reunião, foram feitas várias reivindicações e avaliação de alguns serviços. Segundo a delegada de Patos, Tâmara Lenina Xavier de Lucena, entre as principais preocupações estão a condição do prédio onde funciona a Delegacia da Mulher e a capacitação profissional. “Percebo que as pessoas com quem trabalho precisam ser capacitadas profissionalmente, para que possamos oferecer um serviço de qualidade para quem nos procura”, afirmou. “Estamos esperando para o meio do ano a inauguração de uma nova sede da delegacia, o que será um grande passo para o nosso trabalho de enfrentamento contra a violência”, destacou a delegada Herta França Costa, de Patos.
Para a secretária Executiva da Educação, Márcia Lucena, a reunião para discutir violência contra a mulher e as principais necessidades já foi um avanço. “O processo de mudança é a longo prazo. Já nos estruturamos muito, as políticas públicas para as mulheres já avançaram muito. Minha filha foi vítima de violência sexual há três anos e quando fomos à delegacia, um agente nos informou que naquela mesma noite sete mulheres tinham sido vítimas, mas apenas minha filha registrou queixa. As coisas precisam ser reveladas, para que os órgãos responsáveis possam atuar e, consequentemente, policiais e delegados possam ser melhor preparados”, ressaltou.
“Na reunião de hoje definimos ações conjuntas da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana com as Secretarias de Educação e da Saúde para alcançar a intersetorialidade no enfrentamento à violência contra a mulher, junto com o movimento organizado de mulheres. A expectativa é ampliar o diálogo com a Secretaria de Segurança Pública para a melhoria das condições de funcionamento das delegacias especializadas da mulher. E o desafio é interiorizar a rede de enfrentamento à violência contra a mulher”, explicou a secretária Executiva da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares.
Paulo Cosme com Secom-PB
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