quinta-feira, 19 de março de 2009

09.03.09 - COLÔMBIA
Mulheres violadas sexualmente não recebem tratamento adequadoAdital -
A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) divulgou o relatório "Vidas destroçadas: a atenção médica imediata, vital para as vítimas de violência sexual". No documento, a organização compartilha sua experiência na prestação de assistência médica, assessoramentos e outras formas de apoio a milhares de vítimas de violência sexual em cinco países do mundo: Burundi, República Democrática do Congo, Colômbia, Libéria e África do Sul.
No capítulo dedicado ao país sul-americano, o MSF afirma que, na Colômbia, poucas vítimas de violência sexual buscam atendimento imediatamente depois de terem sido violadas. "O temor à estigmatização e os problemas de segurança são alguns dos motivos que as impede de fazê-lo", ressalta o documento. Uma pesquisa demográfica e de saúde, realizada no país em 2005, revelou que 17,5% das mulheres em idade reprodutiva haviam sido violadas pelo menos uma vez em suas vidas.
No ano passado, o MSF realizou uma pesquisa em cinco províncias onde suas equipes médicas trabalhavam e obteve resultados alarmantes no que diz respeito à violência sexual: 35% das mulheres atendidas em clínicas móveis e 22% das que iam a centros de saúde e hospitais haviam sido violadas pelo menos uma vez. Cerca de 90% das vítimas tinham entre 13 e 49 anos.
Segundo o MSF, essas mulheres enfrentam múltiplos obstáculos quando buscam assistência depois de terem sido violadas: "Para ter acesso à atenção sanitária, as vítimas têm que superar a vergonha e o medo por sua segurança. Entre as mulheres que haviam sofrido agressões sexuais, 81% das entrevistadas em clínicas móveis e 95% das entrevistadas em centros de saúde e hospitais disseram que a vergonha foi a principal razão pela qual não buscaram ajuda. Muitas das violações são cometidas por pessoas conhecidas das vítimas e a proximidade com o agressor gera medo a represálias".
O relatório ressalta que, mesmo vencendo os obstáculos iniciais, as mulheres não têm garantido o acesso à atenção que necessitam. "Embora a lei colombiana contemple a atenção às vítimas de violência sexual, o sistema não lhes assegura ajuda médica nem psicológica", destaca. O MSF lembra que o sistema de saúde do país foi privatizado e agora é gerido pelas seguradoras de saúdes, companhia privadas de seguros sanitários pagas pelo estado. Essas seguradoras se concentram em zonas mais povoadas, deixando as regiões rurais ou mais longíquas virtualmente sem acesso à assistência médica.
Após a pesquisa realizada em 2008, a equipe do MSF na Colômbia lançou uma campanha nacional para melhorar o acesso das vítimas de violência sexual à assistência médica. A organização pediu ao governo colombiano que esclarecesse a legislação a respeito e que assegurasse a disponibilidade de serviços adequados para as vítimas de violações.

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