terça-feira, 31 de março de 2009

Artigo escrito por Ariovaldo Ramos

A BÍBLIA DA MULHER
Convocado por Naiá Duarte, da pastoral da mulher, da Aliança Cristã Evangélica Brasileira, para falar sobre a mulher na fé cristã, frente ao constatado e lamentável quadro de violência à mulher, também, entre evangélicos, decidi falar sobre leituras das Escrituras que devemos revisitar.

Há leituras da Bíblia, que precisamos resgatar:

1º O Homem à imagem e semelhança de Deus é um casal.

Gn 5.1,2 “Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados.”

Duas pessoas, um só nome. Deus é uma família, ao criar à sua imagem e semelhança criou outra família .

Uma só criação: Deus manipulou o barro e soprou uma vez só.

A humanidade, na proposta divina, seria, por definição, uma família que se amaria a ponto de viver como se fosse uma só pessoa.

Individualmente, cada um é imagem e semelhança na medida em que nasce numa família e para uma família, o que deveria se estender a toda a humanidade, uma vez que somos uma só família. Não deu certo. Jesus retomou essa possibilidade ao gerar a Igreja.

Toda igreja local tem como missão viver a unidade familiar que é a imagem e semelhança de Deus.

A imagem e semelhança de Deus era o primeiro casal

O homem não manifestaria plenamente a Trindade sem a mulher e vice-versa.

2º A inimizade do adversário é para com a mulher.

Gn 3.15a “Porei inimizade entre ti e a mulher... “

A briga do inimigo, desde sempre, é com a mulher.

Gn 3.15b

“...entre a tua descendência e o seu descendente.” O ser masculino entra na luta por ser descendência da mulher.
Possivelmente, isso explique muito da luta da mulher, que parece ter sido a mais prejudicada na queda.

É plausível pensar que o papel masculino, como descendência da mulher, seria, a exemplo do grande descendente, guardar a mulher da maldade da serpente.

Mas, cooptado, de alguma forma, pela serpente, o ser masculino se tornou o algoz da mulher e usurpou a humanidade, tratando a mulher como se fosse um ser humano de segunda classe.

3º Deus reinventou a maternidade e fez um pacto com a mulher

Gn 3.15 “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”

Antes da queda, a maternidade era a forma como nos multiplicaríamos. (Gn 1.28).

Após a queda, a maternidade se tornou a única esperança da humanidade. Sempre esperando que um dia a mulher geraria o descendente que esmagaria a cabeça do inimigo e libertaria a raça humana. O que aconteceu em Maria.

Deus fez uma aliança com a mulher: de seu ventre, por obra de Deus, sairia o salvador do mundo.

E, agora, após a vinda do Jesus de Nazaré, a maternidade é a prova de que o descendente venceu.

Deus fez um pacto com a humanidade através da mulher.

4º Deus manteve-se fiel à mulher.

Gn 17. 17-19 “Então, se prostrou Abraão, rosto em terra, e se riu, e disse consigo: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara com seus noventa anos? Disse Abraão a Deus: Tomara que viva Ismael diante de ti. Deus lhe respondeu: De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque; estabelecerei com ele a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência.”

Abraão imaginou que tinha resolvido sua necessidade de um descendente, ao gerar um filho de Agar. Deus, porém, se manteve fiel à Sara.

O patriarca descobriu a abrangência do pacto que Deus parecia ter feito só com ele.

Gn 29.31a “Vendo o SENHOR que Lia era desprezada, fê-la fecunda.”
Lia foi envergonhada pelo pai e desprezada pelo marido, mas Deus a honrou: Jesus é filho de Judá, seu filho.

O mesmo se poderia dizer de Tamar, de Raabe, de Bate-Seba, de Rute (uma, injustiçada pelo sogro; outra, tratada como objeto; a próxima, violada pelo rei e, a ultima, marcada pela viuvez), entre outras – mulheres que, honradas por Deus, foram resgatadas da condição humilhante a que foram submetidas.

5º A lei de Deus protegia a mulheres

Dt 25.5 Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem filhos, então, a mulher do que morreu não se casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará, e a receberá por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado.

Este é um dos exemplos de proteção à mulher, de modo que ela não deveria ficar só, desamparada e exposta como fruto da viuvez.

6º A submissão é mútua.

Ef 5.18-21 E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.

Paulo está ensinando a igreja local a ser cheia do Espírito: que é resultado da forma como falamos entre nós, da nossa gratidão a Deus e da nossa sujeição mútua na comunidade local e nos demais relacionamentos.

E, então, mostra como funciona a sujeição mútua, nos vários outros relacionamentos (Ef 5.22-6.9):

A esposa se submete ao marido reconhecendo-lhe a liderança no lar.O marido se submete à esposa amando-a ao sacrifício.Os filhos se submetem aos pais pela obediência.Os pais se submetem aos filhos respeitando-os pela não irritação.Os funcionários se submetem aos patrões pela prestação de serviço excelente, como se o fosse para Cristo. Os patrões se submetem aos funcionários, pelo trato justo e digno em todos os sentidos.

E, assim, nos deixamos encher pelo Espírito Santo! E vale lembrar que liderar não é subjugar, nem decidir sozinho.

Dessa forma, é papel da igreja local desenvolver, a partir das suas famílias, um ambiente de respeito e proteção à mulher, que atinja a toda a sociedade

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